Quinta, 25 Maio 2017 14:46

Diretores da ABCS e ABPA participam da XI Semana Acadêmica da Medicina Veterinária e IV Simpósio da Pós-Graduação promovidos pela Universidade de Vila Velha (UVV)

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No dia 11/05, o Diretor Executivo da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), Nilo Chaves de Sá, e o Diretor de Relações Institucionais da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ariel Antonio Mendes participaram como palestrantes da XI Semana Acadêmica da Medicina Veterinária e IV Simpósio da Pós-Graduação, realizado na Universidade de Vila Velha (UVV) a convite da Associação de Avicultores do Estado do Espírito Santo (AVES) e a Associação de Suinocultores do Espírito Santo (ASES).

 

Nilo falou sobre “Bem Estar Animal na Suinocultura Brasileira”. Ele informou que em 2014, uma pesquisa realizada pela ONG WAP atestou que mais de 60% da população não possui conhecimento algum sobre o modo como os suínos são produzidos. “Muitas vezes essa falta de informação tem provocado um radicalismo por parte de determinadas ONGs que tem atacado o setor com acusações infundadas que em nada refletem a realidade da nossa suinocultura”, frisou.

 

Nilo Congresso Medvet

Nilo Chaves de Sá

 

“A verdade é que as granjas brasileiras já tem acompanhado uma tendência que teve início na Europa em 2001 e desde então vem se tornando uma constante ao redor do mundo. Trata-se da gestação coletiva onde as fêmeas devem ser mantidas em grupo durante o período compreendido entre 4 semanas de gestação e 7 dias antes do parto. Nesse sistema, os animais possuem uma liberdade maior para sua locomoção, o que traz benefícios ao animal, de modo especial a diminuição do estresse provocado pelo confinamento. Para se ter ideia, nos dias de hoje as grandes empresas como Mc Donalds, Burger King e Taco Bells quando estão em busca de fornecedores de carne suína, optam por criadores que utilizam o sistema de gestação coletiva, o que segundo eles atesta que a empresa tem preocupação do o bem-estar dos animais. Alguns produtores como Smithfields, Tyson, Cargill já tem anunciado a adaptação ao sistema num prazo máximo de até 10 anos. Além disso, 9 estados norte-americanos já proibiram a produção em gaiolas”, disse.

 

Nilo ressaltou que no Brasil não existe legislação específica sobre os modelos de alojamento. O que existem são a Instrução Normativa n° 03 de 2000 que promove o regulamento técnico de métodos de insensibilização para abate humanitário de animais de Açougue e a Instrução Normativa n°56 de 2008 que define recomendações de boas práticas de Bem Estar para Animais de Produção de Interesse Econômico.

 

“A ABCS tem cooperado com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e com a União Européia (UE), através de um estudo sobre a gestação coletiva, com o objetivo de apontar diretrizes para transição da produção suinícola brasileira do sistema de gaiola para gestação coletiva, prezando pelo bem-estar animal. Além disso a ABCS também elaborou em 2016 as cartilhas com foco em bem-estar animal na produção de suínos, com ênfase nos procedimentos de frigoríficos, transporte e toda a granja. Embora haja mais pressão sobre o modelo de gestação em gaiolas, não se pode esquecer da aplicação do BEA em toda a cadeia “, finalizou.

 

Em seguida, Ariel falou sobre a “Situação da Influenza Aviária no Mundo, riscos para o Brasil e meios de prevenção”. Segundo Ariel, a doença nas aves é causada pelo vírus influenza tipo A, que pode atingir humanos, suínos, eqüinos e aves, onde os mais patogênicos são o H5 e o H7. Quando se fala em hospedeiros, têm-se nas aves aquáticas silvestres os primordiais de todos os genes virais da IA. Existem aves domésticas suscetíveis como perus, galinhas, patos, codornas, faisões, gansos, etc. Na categoria silvestres são suscetíveis, patos, gansos, maçaricos, cisnes, gaivotas, garças, pardelas, etc. Por fim as aves de cativeiros como isolamento viral de falcões, periquitos, papagaios, tecelões, tentilhões, cacatuas, etc.

 

Ariel Congresso Medvet

Ariel Antonio Mendes

 

Quanto aos riscos e possíveis vias de ingresso do vírus no Brasil, Ariel lembrou que se trata de uma doença endêmica no México, com surtos periódicos nos Estados Unidos, Europa e Ásia. “Atualmente mais de 50 países já foram afetados desde novembro de 2016. Além disso, o risco também está presente no fluxo de aves migratórias proveniente da América do Norte e a possibilidade de contato direto com aves industriais aqui no Brasil (tela, cercas, arco de desinfecção - IN 56) e indireto (blindagem da água), bem como através do fluxo intenso de pessoas provenientes de países de risco”, disse.

 

Além disso, ele apontou outros riscos que estão associados ao trânsito ilegal internacional de aves exóticas, incluindo galos de briga, na forma de aves vivas ou ovos férteis destas espécies; trânsito de containers sem limpeza e desinfecção adequados; Importação de roupas e utensílios forrados com penas e plumas (fonte de infecção de vários patógenos); dejetos dos veículos de transporte internacional: terrestres, aéreos e marítimos e Importação de material genético não convencional.

 

“A primeira premissa é a prevenção, até mesmo porque se não houver mecanismos de combate a doença, isso pode provocar grandes impactos econômicos e sociais. Dentre as ações que colaboraram para erradicação dos focos em alguns países, destacam-se o diagnóstico precoce seguido de ação imediata na contenção da doença. No Brasil algumas medidas vem sendo tomadas, como a criação de Grupo Estratégico de Prevenção de Influenza Aviária (GEPIA) da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA); realização de seminários sobre o tema para o melhor esclarecimento de jornalistas, zootecnistas e produtores; Criação do Grupo de Trabalho de Influenza Aviária do Mapa e Alteração da Legislação e Definição do Cronograma de Adequação de Granjas”, disse.

 

“Outros cuidados vem sendo tomados em relação a biosseguridade, como implantação em todos os estabelecimentos avícolas controle rigoroso no trânsito de pessoas, veículos, equipamentos, materiais (barreiras físicas nas propriedades, núcleos ou galpões, com banhos e/ou troca de roupas e calçados); impedimento da circulação de animais domésticos e selvagens nos galpões, núcleos e granjas; adoção de sistemas fechados para captação e distribuição de água (sempre clorada); implantação de sistema seguro de coleta, tratamento e destinação de resíduos dos aviários (esterco, cama, carcaças, ovos descartados, águas excedentes dos bebedouros), etc. Nenhum país está livre de ter enfermidades, mas deve evitar que isso ocorra, estando preparado para eliminar focos”, finalizou.

 

Joyce Barcellos, aluna do curso de Medicina Veterinária da Universidade de Vila Velha (UVV) ficou impressionada com a qualidade das palestras apresentadas. “Foi uma grande oportunidade de aprendizagem tanto para os alunos da graduação, da qual faço parte, e para a renovação do corpo docente. Novas perspectivas foram formadas, e irão acrescentar no nosso preparo para a vida profissional. Qualidade inquestionavel das palestras e dos palestrantes, que foram extremamente felizes em suas apresentações e principalmente pela abertura de um contato dada aos alunos. Esse contato é de suma importância para que possamos atingir um nível satisfatório quanto a todas as exigências e desafios que recaem sobre a produção de ciclo curto”, disse.

 

O Diretor Executivo da AVES e ASES, Nélio Hand destacou a importância do relacionamento dos setores com as universidades. “Enquanto associações, temos feito um trabalho importante de aproximação com essas instituições. Além de serem parceiras importantes para o desenvolvimento da cadeia de produção, com formação e informação, existe um campo de oportunidades muito grande para que alunos possam ser futuros profissionais desses dois importantes setores no Estado”, finaliza.

 

 

Fonte: AVES e ASES