Terça, 25 Julho 2017 14:05

Exportação de milho acelera, mas a preço menor

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A exportação de soja desacelera, e os portos ficam abertos, a partir de agora, para o milho. A venda externa do cereal pode superar 2 milhões de toneladas neste mês, 265% mais do que em junho.



Já a exportação de soja, após somar 9,2 milhões de toneladas no mês passado, deve ser inferior a 7 milhões neste, tomando como base os números de vendas externas já apurados pela Secex (Secretaria de Comércio Exterior).



"O segundo semestre é o período do milho, e a exportação brasileira deste ano deverá ser recorde", diz Leonardo Sologuren, sócio-diretor da consultoria Horizon.



Apesar de a receita com a exportação não ser neste ano tão rentável como foi no anterior, o país vai ter de colocar boa parte da produção no mercado externo. "Não há demanda para todo o milho produzido", diz ele.



Sologuren estima que as exportações brasileiras de milho atinjam 30 milhões de toneladas durante 2017, superando o recorde de 29 milhões, obtido em 2015.

 

O cenário para o milho neste ano é bem diferente do que foi no anterior. Em 2016, a safra quebrou e o dólar estava elevado, o que garantiu renda para o produtor.



Os preços elevados animaram os agricultores, que aumentaram a área de plantio. Área maior e produtividade melhor vão garantir uma produção recorde, próxima de 100 milhões de toneladas.



A consequência são preços menores neste ano, devido tanto ao volume produzido como ao valor menor do dólar, o que torna a exportação menos atrativa.



Diante desse cenário, o plantio de milho será menor no verão, prevê Sologuren.



A rentabilidade do setor está complicada e vai depender da produtividade. "É um ano decepcionante", afirma ele.



Ruim para o produtor, bom para a indústria de carnes. O milho, com preço menor neste ano, dá mais competitividade à proteína brasileira.



Após os escândalos que vieram a público neste ano, o setor de carnes não suportaria os preços do cereal tão elevados como os do ano passado. Essa é a análise do diretor da Horizon.



A falta de um cenário de liquidez para o produtor fez com que ele postergasse as compras de insumos neste ano, tanto para a soja como para o milho de verão.



Esse atraso preocupa as indústrias, devido à concentração da entrega dos insumos no segundo semestre. Parte dos produtores vai ter dificuldades de compra neste ano. O volume de crédito é maior, mas, segundo Sologuren, não estará acessível a considerável parcela dos produtores.

 

Fonte: Folha de São Paulo - Mauro Zafalon