Quinta, 10 Agosto 2017 11:02

Abate kosher muda e exige mais investimentos no Mercosul

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A partir de junho do próximo ano, o processo de abate kosher mudará.


Esse tipo de abate é feito conforme a lei judaica. É uma exigência de Israel para a importação de carnes.


A mudança vai exigir investimentos dos frigoríficos habilitados para esse tipo de abate, mas também trará novas perspectivas para a carne kosher, segundo Felipe Kleiman, consultor nessa área.


No sistema de abate atual, os animais são imobilizados à força por várias pessoas antes da degola, provocando muito estresse.


A partir de agora, os frigoríficos deverão instalar um boxe rotativo para o abate kosher, buscando reduzir o sofrimento dos animais.


Trata-se de um boxe no qual o animal entra e, acionado um mecanismo giratório, é posto em posição ideal para a degola.


O abate kosher é feito por um rabino que, com uma faca afiada como um bisturi, faz uma incisão precisa, propiciando ao animal menos dor. "O procedimento é rápido e executado com respeito", diz Kleiman.


O mercado está mudando, e os abates devem seguir as novas tecnologias apropriadas, segundo o consultor.


O Mercosul é o grande fornecedor de carne kosher para Israel, país que importa perto de US$ 400 milhões por ano desse tipo de proteína.


Pelo menos 80% do volume de carne comprada pelos israelenses sai dos frigoríficos do Mercosul.


Kleiman diz que os frigoríficos terão impacto econômico com a instalação desse boxe. Além do custo do equipamento, da exigência de maior espaço nos frigoríficos e de eventuais reformas, os abates serão mais lentos.


Serão abatidos, em média, 60 animais por hora no boxe rotativo, menos que os 80 do sistema convencional.


O mercado está se redesenhando e esse custo vai ser recompensado com uma valorização maior da carne, segundo Kleiman.


Israel abre espaço para carnes mais nobres, e os alimentos kosher têm forte demanda nos Estados Unidos.


Além disso, a Europa, atualmente autossuficiente na produção de carne kosher, não o será no futuro, necessitando de importações.


Com isso, o mercado mundial ficará aberto para os países do Mercosul.

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Superavit - Os Estados Unidos estão obtendo um saldo comercial melhor no agronegócio neste ano. No primeiro semestre, as exportações superaram em US$ 6,6 bilhões as importações. Em 2016, o saldo era de US$ 2 bilhões nesse mesmo período.


Como foi - O superavit deste ano se deve à melhora das exportações, que subiram para US$ 68 bilhões, 12% mais do que de as de janeiro a junho de 2016. As importações aumentaram apenas 5% no período, para US$ 61 bilhões.


2016 - O saldo acumulado foi de US$ 20 bilhões, segundo o Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). As exportações atingiram US$ 135 bilhões.


Botulismo - Produtores de grãos descartam problemas na qualidade do milho no caso de botulismo em Mato Grosso. Foi apenas um problema operacional no trato da ração, segundo eles.
 
 
Fonte: Folha de São Paulo - Mauro Zafalon