Sexta, 06 Julho 2018 13:52

Tabelamento de fretes deve ter impacto no preço de produtos

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Determinação de preço mínimo do frete não leva em consideração as variáveis da estrutura de custos do transporte

 

No último dia 4 de julho, foi aprovada por uma comissão mista do Congresso a Medida Provisória (MP) que estabelece os pisos mínimos para os preços dos fretes rodoviários no País. A decisão, que vai para análise no Plenário, deve refletir os custos operacionais do transporte com base nos preços do diesel e do pedágio a partir de regulamentação da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Os setores mais impactados por essa decisão são os caminhoneiros, transportadoras e produtores. O tabelamento de preços foi uma reivindicação durante a greve dos caminhoneiros, junto com o controle do preço do diesel.

 

 

 

O pesquisador Thiago Guilherme Péra, do Grupo de Pesquisa e Extensão em Logística Agroindustrial (Esalq-LOG) da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, comenta os impactos dessa medida provisória para o preço dos fretes do agronegócio brasileiro. Para o agronegócio, a decisão promove o aumento dos preços de frete, o que tira a competitividade das exportações e traz consequências para os consumidores, como o aumento do preço dos alimentos e de outros produtos, a diminuição da receita de produtores rurais e o aumento do frete de fertilizantes, o que pode representar a redução da produção agrícola no próximo ano.

 

 

 

Fatores como a distância, especificidade, quantidade de carga, sazonalidade e a oferta são aspectos que influenciam diretamente o preço do frete. O preço dentro e fora da época de colheita pode oscilar até 60%, devido a características de oferta e demanda. Outros aspectos que influenciam o preço do frete são o estado de conservação das vias, a presença de pedágios, prazos de entrega e método utilizado para o transporte. Em regiões com ferrovias ou hidrovias, por exemplo, o comportamento do valor é diferente de regiões que não possuem essa característica.

 

 

 

A estrutura de custos do transporte de carga no País depende de fatores como depreciação, custo de capital, salário do motorista, manutenção e o combustível, que representa cerca de 40% do custo total. “Fica muito difícil uma tabela mínima de fretes levar em consideração todas essas variáveis,” explica Thiago Péra. Segundo ele, esses custos são incluídos no preço do frete, mas ele depende primordialmente da oferta e demanda.

 
 
 
 
 
Fonte: Jornal USP