Terça, 10 Março 2020 15:55

China pode importar cerca de 4 milhões de toneladas de carne suína em 2020, diz consultor

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A queda na produção de proteína animal da China, derivada da falta de controle fitossanitário, aumenta a dependência do produto importado para atender a demanda interna do país. Tanto de carne bovina, como também de suína, cuja produção foi produção estimada em 54 milhões de toneladas em 2019.

 

A avaliação foi feita pelo sócio-consultor da MB Agro e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Alexandre Mendonça de Barros, em entrevista à Globo Rural, concedida durante a feira de alimentos AnuFood, realizada em São Paulo (SP).

 

“Dado que há um déficit muito grande pela perda de rebanho, a China sai de 1,5 milhão de toneladas de carne suína que ela costumava importar, para que, nesse ano, talvez chegue em 4 milhões [de toneladas], o que é muito, já que o trade mundial de carne suína são 8,5 mi de toneladas”, diz Barros, afirmando que a importação de frango também deve crescer.

 

O país asiático teve déficit de 18 milhões de toneladas de carne suína no ano passado, o que trouxe alta nos preços e estímulo na produção de frango, que chegou a 2,5 milhões de toneladas. “Entretanto, ao espalhar o frango rapidamente, o que acontece é um surto de Influenza Aviária, também fazendo os chineses liquidarem seus rebanhos. Veja a confusão sanitária do País”, destaca Barros.

 

O consultor avalia que a China precisa definir sua estratégia de mercado nos próximos anos, inclusive considerando a recuperação dos rebanhos, algo que ele julga como certo, apesar de dificultoso. “Será que eles vão chegar novamente na produção de 54 milhões de toneladas ou irão preferir produzir um pouco menos para diversificar a importação?”, questiona.

 

A alta demanda por alimento na China, aliás, tem mudado a composição da economia do país, avalia Joaquim Levy, ex-ministro da Fazenda. “A China está passando de uma economia predominantemente de investimento para cada vez mais um país motivado pelo consumo. Haja vista a proporção do PIB em que o consumo tem aumentado, principalmente em artigo ligados à comida”, diz.

 

Levy explica que tanto China quanto Estados Unidos têm fragilidades em suas economias e o agronegócio brasileiro deve saber tirar proveito do cenário. “A contraparte da balança comercial americana é o comércio com os chineses, mas não há muita margem de a atuação e a duplicação da venda de soja para a China crescerem de forma exponencial”, analisa.

 

Fonte: Revista Globo Rural