Quinta, 23 Julho 2020 12:58

Suínos/Rabobank: estimativa de queda da produção global em 2020 é revisada de 5% para 8%

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O Rabobank revisou sua estimativa para a queda da produção global de carne suína em 2020, por causa dos problemas associados à covid-19 em unidades de abate e processamento nos Estados Unidos, Brasil e União Europeia e dos surtos de peste suína africana na China e no Sudeste Asiático. Em relatório trimestral sobre o setor, o banco agora projeta uma queda de 8% em 2020 em relação ao ano passado. No começo deste ano, a estimativa era de produção global 5% menor.

 

As maiores quedas são esperadas na China (17%), Filipinas (9%) e Vietnã (8%). No Brasil, a produção deve diminuir 1,5%, enquanto na União Europeia a redução esperada é de 0,5%, diz o banco. Para os EUA, a projeção é de aumento de 1,3%.

 

Segundo o Rabobank, o impacto da pandemia de covid-19 sobre cadeia global de suprimentos do setor de carne suína deve ter longa duração. "Desafios em produção, processamento, comercialização e consumo podem em conjunto remodelar a indústria, com mudanças esperadas em acesso a mão de obra, aumento da automação, mix de produtos e canais de distribuição nos próximos anos", diz o banco. "No curto prazo, o aumento das incertezas vai pesar sobre a perspectiva de oferta global de carne suína, gerando volatilidade nas condições de comércio global."

 

O Rabobank lembra que um novo surto de covid-19 em Pequim em junho levou a China a restringir a importação de algumas unidades de processamento e a inspecionar com mais rigor alimentos importados. O banco observa também que os preços domésticos na China dispararam, refletindo a menor oferta de animais. "Os preços devem continuar altos, tendo em vista a desaceleração das importações e o aumento dos surtos de peste suína por causa de fortes chuvas e alagamentos", afirma o banco, acrescentando que a recuperação do consumo também vai ajudar a impulsionar as cotações.

 

O banco destaca que as exportações brasileiras de carne suína no primeiro semestre aumentaram 37% em volume e 53% em receita na comparação anual, e que boa parte desse resultado se deve às compras chinesas. "Em nossa opinião, esse forte aumento das compras chinesas, apesar da fragilidade econômica por causa da covid-19, é positivo para um país exportador como o Brasil." Por outro lado, o consumo interno no País continua diminuindo, o que pode resultar em menor produção, diz o Rabobank. Além disso, o ritmo de alta dos preços futuros de milho vai reduzir as margens do setor de carne suína, trazendo mais desafios para a produção nos próximos meses, segundo o banco.

 

Nos EUA, os amplos estoques de animais continuam pressionando o mercado, e essa situação é agravada pela escassez de mão de obra nas linhas de processamento, afirma o Rabobank. "Apesar de problemas domésticos, as exportações continuam robustas, com o maior crescimento vindo de embarques para a China."

 

Para o banco, o comércio global enfrentou grandes desafios no primeiro semestre, como escassez de mão de obra nos portos, movimento reduzido de navios, aumento dos custos de frete e fechamento temporário de algumas unidades de processamento por causa de surtos de covid-19. No segundo semestre, diz o Rabobank, o cenário deve continuar incerto, já que a covid-19 ainda não está sob controle em alguns importantes exportadores e as tensões geopolíticas entre EUA e China persistem. "O predomínio da China nas importações globais de carne suína significa que qualquer mudança na política chinesa de importação vai trazer mais incerteza para o comércio global."

 

Fonte: Broadcast Agro