Segunda, 21 Novembro 2016 09:12

Soja: preços no Brasil têm potencial de alta com perspectiva de patamar mais alto para o dólar

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Os preços da soja no mercado brasileiro, apesar das altas registradas ao longo da semana em diversas praças de comercialização, ainda acumularam baixas em algumas delas nos últimos dias, de acordo com um levantamento do Notícias Agrícolas. No intervalo de 11 a 18 de novembro, as baixas - onde foram contabilizadas - ficaram entre 0,76% e 3,80% no interior do Brasil, com as referências ainda variando entre R$ 65,00 e R$ 76,00 por saca.

 

As exceções ficaram por conta do Oeste da Bahia, onde o valor da oleaginosa, na semana, subiu 3,58% para R$ 67,33 e em Cascavel/PR, 0,73%, para R$ 69,00. Algumas localidades também encerraram os negócios com estabilidade, como indica o gráfico a seguir.

 

Essa mudança no patamar dos preços da soja brasileira motivou um avanço mais expressivo da comercialização no país, a qual vinha caminhando em um ritmo bastante lento em função dos preços travados em Chicago e do dólar em queda. A moeda americana, porém, tem sido o principal combustível para esse melhor momento para o sojicultor nacional, uma vez que desencadeou um intenso movimento de alta frente à brasileira, principalmente após a confirmação de Donald Trump como novo presidente dos Estados Unidos.

 

Nesta última semana, a divisa chegou a encerrar seus negócios recuando 0,16%, porém, após três altas consecutivas e, máxima desta sexta-feira alcançar os R$ 3,4383. Já entre o último dia 9 - dia seguinte da eleição norte-americana, há uma valorização de 5,60%, com a moeda saltando de R$ 3,2095 para R$ 3,3893. "As seguidas intervenções do BC fizeram com que o real performasse melhor que seus pares", comentou o operador da corretora Renascença, Luís Laudísio em entrevista à agência de notícias Reuters.

 

Entretanto, para o economista Guilherme Zanin, da consultoria Apexsim, a tendência para o dólar segue positiva e, até o final do ano, a divisa poderia alcançar os R$ 3,60. No boletim Focus, os diversos economistas chegam a um consenso de algo entre R$ 3,50 e R$ 3,55. Além da influência do financeiro estrangeiro, no Brasil, o foco para o andamento do dólar se divide ainda com a evolução de medidas como a PEC dos gastos e mais a reforma previdenciária, situações que estão na pauta somente de 2017.

 

No cenário externo, o dólar esta semana fez suas máximas em mais de 13 anos com uma aversão ao risco ainda bastante latente entre os investidores - o que também acabou pressionando as commodities nas bolsas norte-americanas - em relação às efetivas medidas que Trump irá adotar em seu governo, ao mesmo tempo em que o Federal Reserve vem fazendo declarações de que pode vir a aumentar a taxa de juros nos EUA ainda em dezembro deste ano. Segundno as projeções dos especialistas, "há mais de 80% de chance de que isso se confirme" diz Zanin.

 

Dessa forma, a perspectiva para os preços da soja no Brasil também é positiva e, de acordo com o economista, as cotações poderiam voltar aos R$ 90,00 por saca no porto de Paranaguá, um cenário que, se confirmado, poderia estimular ainda mais a participação do produtor brasileiro com novas vendas. "E isso pode acontecer também porque, além da valorização do dólar, começa a faltar soja nos portos e, com a demanda forte, isso pode contribuir", explica o economista.

 

Na análise semanal do Notícias Agrícolas, os preços da soja de referência no terminal paranaense fecharam com estabilidade, tanto no disponível, quanto no mercado interno em, respectivamente, R$ 79,00 e R$ 80,00 por saca. Já em Rio Grande, últimos valores em R$ 76,90 e R$ 83,00, com ganhos de 0,79% e 1,22%. No porto de Santos, em São Paulo, a oleaginosa subiu 2,57% para R$ 81,70 por saca no disponível.

 

Ao mesmo tempo, todavia, os produtores brasileiros seguem ainda focados em seus trabalhos de campo, aproveitando as boas condições de clima em importantes regiões produtoras do Brasil. De acordo com dados da consultoria AgRural, o plantio da oleaginosa no país já foi concluído em 73% da área estimada. Em Mato Grosso, a semeadura já caminha para a fase final e passa de 90%.

 

Fonte: Notícias Agrícolas - Carla Mendes