Com 96,8 mil toneladas embarcadas, o mês de março apresentou recorde de exportação de carne suína in natura (tabela 1). No acumulado do primeiro trimestre, comparado com o mesmo período do ano passado, houve um crescimento de 24% (+43,5 mil ton) no total, sendo que só para a China o aumento foi de 33 mil toneladas (34,5%). A propósito, o gigante asiático está aumentando cada vez mais sua participação percentual nas nossas vendas externas, se aproximando de 60% do total.
Tabela 1. Volumes exportados totais e para China de carne suína brasileira in natura em 2019 e 2020 e em janeiro, fevereiro e março de 2021 (em toneladas). Fonte MDIC
Havia, até pouco tempo, uma expectativa de que a produção de carne suína chinesa voltasse aos patamares de antes do aparecimento da Peste suína Africana (PSA) em 2018. Porém, o inverno naquele país foi marcado por surtos de outras viroses e, mais recentemente, um repique significativo da PSA em importantes regiões produtoras. Chama a atenção o aumento do abate e a queda do preço do suíno nas últimas semanas, justamente porque houve uma liquidação antecipada de planteis, motivada pelo temor dos produtores em terem seu rebanho afetado pela PSA. Segundo a Reuters, a produção chinesa no primeiro trimestre foi de 14,6 milhões de toneladas, 12% a mais que o último trimestre de 2020; por outro lado, as importações de carne suína pela China nestes primeiros três meses de 2021 atingiram a marca de 2,63 milhões de toneladas, um aumento de 20,8% em relação ao mesmo período do ano passado.
Há muita especulação sobre a precisão dos números relacionados às recentes perdas no rebanho chinês. Alguns analistas falam em até 8 milhões de matrizes perdidas com este recrudescimento da doença. É preciso acompanhar as notícias nas próximas semanas para concluir qual o número real. O fato é que todas as projeções de demanda da China em relação à importação de carnes estão sendo revista para cima. Isto traz otimismo à suinocultura brasileira com a expectativa de que as exportações para a China continuem em alta, absorvendo parte do crescimento da produção nacional e compensando a queda da demanda interna oscilante, em função das medidas restritivas para o controle da pandemia e a perda do poder aquisitivo da população em geral.
O preço pago ao produtor e o preço das carcaças (gráfico), que durante o mês de março e início de abril vinha em queda livre, desde a semana de 12/04 vem se recuperando, coincidindo com a retomada do pagamento do auxílio emergencial, a relativa flexibilização das restrições impostas para o controle da pandemia de Covid 19. Também as exportações entraram o mês de abril em ótimo ritmo, com 4,7 mil toneladas de carne in natura embarcadas por dia útil até o dia 16/04; mantida esta média, mais uma vez teremos um mês ultrapassando a marca das 90 mil toneladas.
Fonte: ABCS