Segunda, 30 Janeiro 2023 16:46

Ovos/ABPA: mesmo com queda de produção e demanda externa, brasil deve ter oferta assegurada internamente

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A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) diz não haver risco de faltar ovos no mercado interno. Ao contrário de outros países que tiveram seus planteis reduzidos pela gripe aviária, o Brasil não registra a enfermidade e abastece o mercado internacional com o produto. Ainda assim, o suprimento interno está assegurado, afirma o presidente da ABPA, Ricardo Santin. “Nossa produção de ovos é suficiente e atende a população.” A perspectiva da entidade é de que a produção brasileira neste ano fique em 52,070 bilhões de unidades, 5% abaixo do ano passado, de 54,973 bilhões de unidades. “Na pandemia o consumo de ovos subiu muito, em razão dos preços (frente a outras proteínas), mas hoje o mercado está estável”, afirma. As exportações de ovos in natura e processados em 2022 totalizaram 9,474 mil toneladas, queda de 16,5% ante o embarcado em igual período do ano anterior, de 11,346 mil toneladas.

 

Santin avalia que a queda na oferta de ovos mundo afora, mas principalmente nos Estados Unidos, Japão e União Europeia, é uma oportunidade para o País aumentar sua exposição junto a esses mercados. “Hoje nós exportamos apenas 1% da produção. O mundo está buscando. Os EUA ainda não têm acordo sanitário com o Brasil (que permite a exportação), mas já observamos aumento na demanda de países do Oriente Médio. O apetite do Japão também aumentou. Talvez agora a UE acelere o processo de acordos que iniciamos há alguns anos”, diz. Segundo o presidente da ABPA, o governo está trabalhando, “mas os acordos sanitários são muito demorados”.

 

Ele explica que, no caso dos norte-americanos, o país é afetado por focos da gripe aviária que já dizimaram mais de 50 milhões de aves, o que, por consequência, afetou o fornecimento de ovos. “Houve também 15 milhões de galinhas poedeiras (aquelas destinadas à produção de ovos) dizimadas no Japão. Na UE, além dos custos com grãos, há também os custos com a energia.”

 

Em relação aos preços elevados na gôndola dos supermercados do País, Santin diz que o movimento reflete ainda as cotações dos principais insumos usados na produção de ovos, que são farelo de soja e milho, cujos preços subiram desde o começo da pandemia. “E como reflexo o preço dos ovos também subiu.” Na média, o preço do ovo aumentou 18,70% nos últimos 12 meses, três vezes acima do IPCA-15, divulgado na terça-feira (24). “O clima seco no País também contribuiu (para menor oferta de grãos) e o preço da saca do milho chegou a quase R$ 100. Ao todo, o aumento no custo de produção foi de 150%”, explica o presidente da ABPA.

 

O presidente do Grupo Mantiqueira, Leandro Pinto, complementa que o preço do ovo subiu “por força de demanda e baixa oferta”. “Nós, produtores, amargamos prejuízos em 2020, 2021 e um pedaço de 2022. Então é lei da oferta e procura. A produção diminui e o preço aumenta. Mas isso muito por conta dos insumos, guerra na Ucrânia (que contribuíram para os preços dos grãos aumentarem) nós fomos obrigados a diminuir (a produção)", aponta.

 

Santin argumenta que o setor esperava queda dos custos no último ano, com a segunda safra de milho do País que ficou positiva, mas esse movimento não aconteceu como o esperado. “A soja representa 80% do custo de produção. Então, o que nós percebemos são os custos de lá atrás pesando até agora”, explica.

 

Fonte: Broadcast Agro