Terça, 07 Fevereiro 2023 21:00

Alagoas vacina mais de 100 mil animais em 3ª etapa da campanha contra peste suína

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A suinocultora Elaine Alves Guimarães, de Quebrangulo (AL), ouviu no carro de som a divulgação da campanha de vacinação contra a peste suína clássica. “Rapidamente eu e meu esposo fomos na Secretaria de Agricultura e eles vieram de imediato vacinar”, conta.

 

Elaine tem uma granja com dez chiqueiros na área rural do município e, para ela, a vacinação é de grande importância. “Essa doença é um vírus, se um tiver, todo o rebanho vai ter”, completa.

 

A terceira etapa da campanha de vacinação contra a peste suína clássica, realizada em Alagoas, terminou na última terça-feira (31/01), com a imunização de mais de 107,4 mil suínos.

 

Essa etapa compõe o trabalho iniciado em junho de 2021, como projeto piloto do Plano Estratégico Brasil Livre de Peste Suína Clássica, do Programa Nacional de Sanidade dos Suídeos (PNSS).

 

“Os números da campanha são muito bons, pois imunizamos quase a totalidade do rebanho suíno do Estado. É importante ressaltar que a peste suína é uma doença de alto impacto, tanto do ponto de vista da sanidade dos animais, quanto da ameaça de fechamento de mercados internacionais”, destaca Charli Ludtke, diretora técnica da Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS) e uma das coordenadoras da iniciativa.

 

A terceira etapa teve início em 28 de novembro de 2022 e percorreu 5,5 mil propriedades de Alagoas, com 67 vacinadores a campo.

 

Na primeira etapa, encerrada em agosto de 2021, a dose foi aplicada em 119,5 mil suínos, em 7,2 mil propriedades visitadas e, na segunda etapa, realizada de março a abril de 2022, foram vacinados 127,1 mil suínos em 5,6 mil propriedades. Charli explica que o número de animais é variável pela sazonalidade da produção.

 

Em torno de 75% dos suinocultores de Alagoas são classificados como pequenos produtores, segundo Charli. “A atividade é muito importante para o sustento das famílias, e a campanha tem sido muito bem recebida”, observa.

 

Mais duas etapas

Para a execução completa do esquema vacinal, é recomendada a realização de cinco etapas da vacinação. Assim, estão previstas mais duas etapas neste ano pré-programadas para acontecerem no primeiro e no segundo semestre.

 

“A campanha não irá parar até tornar o Estado livre da doença”, afirma a diretora da ABCS. Em 2019 foi identificado um foco de peste suína clássica no município de Traipu, no Sertão.

 

Entre os sintomas da enfermidade estão hemorragia - que pode ser fatal -, febre alta, vômitos, diarreia, falta de apetite e de coordenação motora, orelhas e articulações azuladas, leitões natimortos, entre outros.

 

A criadora Elaine acredita que falta informação entre os suinocultores da região e que seria muito válido que os órgãos oficiais promovessem algum tipo de atividade para divulgar os riscos que a falta da vacina representa.

 

“Eu pesquiso na internet, mas tem outros criadores que não. Assim, eles iriam saber para que serve [a campanha], tirariam dúvidas”, considera.

 

Altamente transmissível

A peste suína clássica (PSC) é uma enfermidade altamente transmissível e somente a vacinação do rebanho elimina a circulação do vírus. O Brasil está dividido em Zona Livre da doença - 16 Estados, onde se concentra a suinocultura tecnificada, com regiões produtoras e exportadoras de carne - e Zona não Livre (ZnL) - 11 Estados, concentrados no Norte e no Nordeste.

 

Estão na ZnL Alagoas, Amapá, Amazonas, Ceará, Maranhão, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Roraima. Esses Estados, que compõem a Zona não Livre da doença, representam cerca de 50% do território nacional e detém em torno de 18% do rebanho suíno, o que engloba mais de 5 milhões de animais, distribuídos em pequenas propriedades rurais.

 

Após a finalização do projeto em Alagoas, serão avaliados os resultados e a expansão da campanha para os demais Estados situados na Zona não Livre da peste suína.

 

Iniciativa público-privada

O projeto em andamento é uma iniciativa público-privada que uniu o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e a ABCS, responsável pela captação de doações para a realização das ações - com vacinação sem custo para os produtores.

 

Entre os apoiadores estão Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), governo de Alagoas, Agência de Defesa e Inspeção Agropecuária de Alagoas (Adeal) e Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA/Senar).

 

Fonte: Globo Rural