Quarta, 10 Maio 2023 11:29

A lavagem prepucial pode reduzir a contaminação bacteriana nos ejaculados de machos suínos?

Avalie este item
(0 votos)

O aumento no uso de doses de inseminantes, provenientes de centros de disseminação de genética líquida, tem sido constante nas granjas suinícolas brasileiras, principalmente por oferecer vantagens práticas, sanitárias e proporcionar ganhos genéticos.

 

A intensificação da produção e utilização teve como consequência o uso de doses armazenadas por maiores períodos, o que demanda entender e evitar os fatores que reduzem a sua qualidade.

 

Entre estes fatores, destaca-se o impacto da contaminação bacteriana na viabilidade espermática, uma vez que quanto maior o tempo de armazenamento mais é favorecido o crescimento bacteriano.

 

A presença de contaminação bacteriana no ejaculado pode ser originária de uma infecção sistêmica ou localizada no sistema reprodutivo, bem como do contato do ejaculado com secreções prepuciais, pelos, mãos do operador (GOLDBERG et al., 2013), contato indireto com aerossóis, contaminação dos materiais e equipamentos utilizados na colheita (fômites), diluição e acondicionamento do sêmen.

 

Desse modo, os pontos críticos para a qualidade bacteriológica do sêmen são: alojamento e manejo dos reprodutores, colheita, manipulação e conservação do ejaculado (MAZUROVA e KRPATOVA, 1990).

 

Durante a manipulação do ejaculado há várias oportunidades para a contaminação bacteriana, sendo a coleta um importante ponto crítico.

 

Uma das principais fontes de contaminação do ejaculado é o líquido prepucial (GOLDBERG et al., 2013), no qual podem ser isoladas diversas bactérias, tais como: Bacillus sp, Pseudomonas e Streptococcus sp (MOUTINHO et al., 2011).

 

Além disso, as regiões prepuciais e ventrais do macho podem favorecer a contaminação cruzada devido a superfície de contato com o manequim ou até mesmo durante a exposição do pênis para o processo de coleta (PASCOAL et al., 2021).

 

A busca por ações focadas na redução da carga bacteriana do ejaculado se tornam fundamentais. Algumas dessas práticas podem ser: técnicas ajustadas de fixação do pênis em sistemas semiautomáticos de coleta (PASCOAL et al., 2021); uso de soluções específicas para lavação do canal prepucial; ou até mesmo ações mais específicas, como cirurgia para retirada do divertículo (diverticulectomia).

 

Porém, estas estratégias devem ser avaliadas quanto à praticidade e custo benefício (KUSTER e ALTHOUSE, 2016).

 

Uma vez que o prepúcio é uma região sabidamente contaminada, a lavagem prepucial é uma técnica utilizada rotineiramente nas centrais de coleta e criopreservação de sêmen bovino, com comprovada redução da carga microbiana do ejaculado (MENNA et al., 2005; PARAY et al., 2018).

 

Autores

1 Alisson Leandro Ansolin, Médico Veterinário, Mestrado Profissional em Produção e Sanidade Animal

 

2 Jean Carlo Faccin, Médico Veterinário, Mestrado Profissional em Produção e Sanidade Animal

 

3 Ricardo Zanella, Médico Veterinário, MSc, PhD, Universidade de Passo Fundo

 

4 Ivan Bianchi, Médico Veterinário, MSc, Dr, Mestrado Profissional em Produção e Sanidade Animal

 

5 Jalusa Deon Kich, Médica Veterinária, MSc, Dr, Embrapa Suínos e Aves; Mestrado Profissional em Produção e Sanidade Animal

 

6 Mariana Groke Marques, Médica Veterinária, MSc, Dr, Embrapa Suínos e Aves; Mestrado Profissional em Produção e Sanidade Animal

 

 

Leia mais sobre esse assunto em https://www.suinoculturaindustrial.com.br/imprensa/a-lavagem-prepucial-pode-reduzir-a-contaminacao-bacteriana-nos-ejaculados-de/20230510-092125-V307

 

Fonte: Suinocultura Industrial