Segunda, 02 Julho 2018 16:38

Ganhando dinheiro com bem-estar na postura comercial

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Diante da pressão cada vez maior de grandes compradores mundiais, como as redes supermercados e indústrias multinacionais, por ovos provenientes de galinhas livres de gaiolas, uma pergunta toma espaço entre os avicultores. É possível ganhar dinheiro investindo no bem-estar das aves de postura?

 

Para explorar o assunto, o terceiro módulo do Programa Anual de Capacitação de Avicultores (Qualificaves) – Postura Comercial, promovido pela Associação dos Avicultores do Estado do Espírito Santo (AVES), em parceria com a Coopeavi, trouxe o gerente de Assistência Técnica da Hy-Line do Brasil, Marcelo Surian Checco, para uma palestra, dia 21 de junho, em Santa Maria de Jetibá.

 

A partir de dados e estudos realizados dentro e fora do Brasil, Marcelo comparou o impacto em termos financeiros das instalações adicionais e do custo de produção de ovos nos modelos com galinhas em gaiola convencional, livres de gaiolas (cage free) e em sistema de criação com acesso a piquetes (free-range).

 

“Há benefícios, como a menor mortalidade das aves, maior resistência, eficiência dos recursos naturais e na saúde e segurança do trabalhador. Mas a questão é: a indústria está disposta a pagar e repassar para consumidor o investimento do produtor?”, perguntou.

 

Citando exemplos da Europa e dos Estados Unidos, ele mostrou como se dão alguns dos chamados sistemas alternativos, como a galinha solta em solo; o modelo caipira, em que há piquetes ao ar livre; e as galinhas ecológicas, que além de produzir ao ar livre, possuem ração produzida em condições específicas.

 

“Ovos produzidos fora de gaiola, tipo o caipira, precisam ser mais caros porque geram mais gastos”, explicou Marcelo, pontuando que existem muitos requerimentos que custam ao produtor investimentos em adaptação adicional.

 

Somente em termos de energia, há um incremento médio em torno de 5 a 8%. Uma estimativa feita pelos EUA prevê que sejam necessários em torno de 76 milhões de dólares de investimento até 2025 para atender a nova demanda.

 

HY LINE 1

 

 

Consumidor precisa escolher

Marcelo criticou o fato de que alguns países, principalmente na Europa, estabeleceram leis que impedem a livre escolha do tipo de ovo por parte dos consumidores, uma vez que exigem somente a produção de galinhas livres de gaiola no próprio território.

 

“Estão impondo ao consumidor a não escolha. Isso é complicado. Estamos numa democracia e quem compra tem o direito de escolher qual ovo quer levar”, salientou.

 

Como exemplo, ele citou uma pesquisa feita na Alemanha na qual o consumidor era questionado se preferia ovos de galinhas livres, que são mais caros, ou de aves em gaiola, mais baratos. Muitos que responderam à primeira opção foram filmados escolhendo os ovos mais baratos no interior do supermercado.

 

“A maior empresa de produção de ovos dos Estados Unidos estava negociando a venda de ovos com uma rede de lanchonetes que abarca 60% do mercado daquele país. Os compradores queriam os ovos de galinhas livres, mas não queriam pagar a mais. Será que o produtor terá que tirar do bolso só para fazer a indústria feliz?”, ponderou o palestrante.

 

Um ponto de suma importância é reconhecer que o consumidor tem papel determinante no processo de adesão da indústria ao fornecimento de ovos a preço justo. De acordo com Marcelo, dois fatores são importantes: a compreensão do produto, à qual chamou de conceito, e a condição socioeconômica do cidadão, isto é, se ele tem ou não dinheiro para pagar mais caro na hora da compra.

 

 

Bem-estar acima de tudo

O bem-estar das aves precisa ser levado em conta independentemente da instalação, defendeu Marcelo. Entre os pontos de atenção está proporcionar às galinhas condições livres de dor e desconforto, lesões, doenças, fome, sede e estresse, num ambiente em que as aves possam externar seu comportamento natural, na companhia da mesma espécie.

 

“Aplicando esse tipo de manejo, teremos menor mortalidade dos lotes, produção maior e mais estável, ovos com maior aproveitamento na vendagem, pois são maiores e com melhor qualidade interna e externa. Consequentemente, mais receita. São medidas simples, que garantem sim mais ganho para o produtor”, pontuou o palestrante.

 

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Última modificação em Segunda, 02 Julho 2018 16:41