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10 Abr

Hipótese da higiene: um novo olhar sobre a sanidade na suinocultura

Publicado em: 10 Abr 2025

Hipótese da higiene: um novo olhar sobre a sanidade na suinocultura
Imagem: Divulgação Feed & Food


A suinocultura moderna evoluiu com altos padrões de higiene, mas isso pode ter um efeito colateral: leitões com imunidade mais frágil. O professor Geraldo Alberton, da Universidade Federal do Paraná, faz um paralelo com a hipótese da higiene, conceito que surgiu em 1989 e associa a redução da exposição a microrganismos ao aumento de doenças imunológicas.

Segundo ele, quando surgiu essa hipótese da higiene, um pesquisador na Grã-Bretanha correlacionou o aumento da incidência de crianças alérgicas com o nível de higiene das residências e o tamanho das famílias. Em famílias mais numerosas, os irmãos mais novos estavam mais protegidos, porque entravam em contato com patógenos não letais e, assim, treinavam o sistema imunológico

Mas como esse conceito se aplica à suinocultura? O professor destaca que o mesmo princípio pode ser observado nos leitões. Ele comenta que temos excelentes dados de maternidade, GPD, número de leitões desmamados, mas que esses leitões estão sofrendo muito nas fases subsequentes. “A pergunta que eu deixo é: será que o baixo desafio em fases de maternidade por não ter um treinamento do sistema imunológico está gerando leitões mais suficientes nas fases subsequentes? Eu acredito que sim”, afirmou Geraldo.

A solução, no entanto,  conforme aponta, não está em reduzir a higiene, mas sim em criar um ambiente onde bactérias benéficas possam competir com as patogênicas. “Não vamos precarizar a higiene. Geraldo ressalta que o caminho é trazer para o ambiente uma proporção melhor de bactérias benéficas do que patogênicas.

Ele reforça que o foco deve estar no cuidado com as matrizes, que são um reservatório natural de microbiota para os leitões. “O leitão entra em contato com a mãe desde o nascimento. Ele vai lá, fuça nas fezes da mãe, entra em contato com a pele, com o leite, com o colostro. Se melhorarmos a microbiota da matriz com prebióticos e outras estratégias, garantimos um primeiro contato mais saudável para o leitão”, aponta.

O professor enfatiza que a suinocultura evoluiu muito desde os anos 1990 e que a chave agora é equilibrar o alto padrão de higiene com estratégias que fortaleçam a imunidade dos leitões. “Agora, temos o legado de uma boa higiene, mas precisamos trazer elementos que tornem os leitões mais robustos. O caminho não é difícil, e já sabemos como percorrê-lo”, conclui.

O tema “Como a hipótese da higiene explica as perdas sanitárias da suinocultura atual” foi abordado na palestra de Geraldo durante o evento da Abraves-PR, realizado em Cascavel (PR), no mês de março.


Fonte: Feed & Food

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