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31 Mar

Sustentabilidade e gestão garantem maior resiliência ao agro

Publicado em: 31 Mar 2025

Sustentabilidade e gestão garantem maior resiliência ao agro
Fonte: Globo Rural

Nos últimos meses, fiz dezenas de viagens pelo Brasil, por diferentes motivos – participação em feiras, visitas comerciais ou simplesmente seguindo a rotina de trabalho. Em todas, as conversas com lideranças do agronegócio sempre convergiram ao mesmo ponto: sustentabilidade.

Seja por terem tido safras atingidas pelas mudanças climáticas, por terem sido afetados por crises sanitárias originadas em outras regiões do planeta, ou simplesmente pela premência de decisões que gestores precisam tomar para a evolução de seus negócios. Acredito que nunca a busca por sustentabilidade foi tão presente quanto agora.

O tema não surge por acaso. Só na última década, estima-se que perdas causadas por eventos como secas, queimadas e enchentes em proporções inéditas somem algo perto de R$ 290 bilhões. Segundo um estudo da Aliança Brasileira pela Cultura Oceânica, divulgado recentemente, de 1991 a 2023, cada aumento de 0,1 °C na temperatura global média provocou cerca de 360 novos registros de desastres climáticos no Brasil. Para cada 0,1 °C a mais no clima, foram R$ 5,6 bilhões a mais de danos em todo o planeta.

O ano de 2024 testou os limites do agronegócio brasileiro. Eventos sazonais se intensificaram e trouxeram prejuízos fora do comum, reforçando uma verdade que já conhecemos: o agro precisa estar sempre preparado para o inesperado. Diante de tal cenário, a sustentabilidade não é mais uma escolha, mas uma necessidade. E ela vai muito além das práticas ambientais – passa também por uma gestão empresarial eficiente, que garanta resiliência e competitividade.

Não dá para falar de sustentabilidade sem mencionar planejamento. Quem trabalha no campo sabe que cada decisão tem um impacto enorme, e uma gestão bem-feita pode ser crucial para definir um negócio próspero ou um ano difícil. Vivemos em um país multicultural e de extensões continentais, que exige um uso consciente – e inteligente – de insumos e do comércio de tudo o que foi produzido. Para isso, é essencial adotar tecnologia e utilizar o poder dos dados para ajudar os produtores a melhorar seus resultados.

Um ponto que não pode ser ignorado é a gestão de riscos. Planejar não significa eliminar imprevistos, mas sim estar preparado para enfrentá-los. O uso de inteligência climática, o acesso a seguros rurais eficientes e estratégias financeiras bem definidas são ferramentas fundamentais para reduzir os impactos de fenômenos extremos. Quanto mais o produtor consegue antecipar cenários, mais apto fica para proteger sua produção e garantir estabilidade no futuro.

Além da segurança, investir em sustentabilidade e gestão também abre portas. O mercado está cada vez mais atento às boas práticas, e quem se adapta a essa nova realidade conquista melhores oportunidades, seja no acesso a crédito, seja no valor agregado de seus produtos. O consumidor e os investidores querem transparência, rastreabilidade e responsabilidade, e o agro brasileiro tem tudo para se destacar nesse sentido.

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Olhando para o futuro, fica claro que a resiliência do setor depende de um equilíbrio entre produtividade e sustentabilidade. O produtor que enxerga a gestão como aliada tem mais chances de se manter competitivo e crescer, independentemente dos desafios climáticos ou de mercado. Isso exige tecnologia, qualificação e, principalmente, uma visão estratégica de longo prazo.

Vale lembrar que, no último mês de dezembro, a lei 15.042 foi sancionada, instituindo o mercado regulado de carbono e a criação do Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa. Ou seja: não só o cliente final, mas os poderes públicos estão cada vez mais de olho em quem faz o seu dever de casa.

O agro brasileiro já superou muitas crises e provou sua força inúmeras vezes. Por aqui, gostamos de dizer que o Agro vive a “era da gestão”, com um planejamento e inovação mais conectados à sustentabilidade. As lideranças sabem que a economia dentro e fora de casa muitas vezes pode até tirar o sono, mas é importante lembrar que temos tudo para continuar liderando e mostrando ao mundo que produzir com responsabilidade é o melhor caminho para o futuro. Mas, apesar dos avanços, é preciso continuar a fazer - e fazer direito - a nossa parte.

*Andre Paranhos é vice-presidente da unidade de negócios da Falconi voltada à gestão do agronegócio

As ideias e opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade exclusiva de seu autor e não representam, necessariamente, o posicionamento editorial da Globo Rural


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