Com os preços internos agora cotados em dólar – cujo valor é cada vez mais atrativo para quem exporta – o preço do milho permanece em um processo de alta inexorável. Que o frango – cotado no desvalorizado real – não consegue acompanhar.
Não que o milho tenha deixado de se desvalorizar na moeda dos negócios internacionais. Na primeira semana de janeiro corrente (dados da SECEX/MDIC) seu preço médio de exportação foi 12,36% menor que o de janeiro de 2015.
A questão é que as perdas do frango são muito maiores. Pois ainda que neste instante esteja valendo (ave viva, mercado interno, preço ao produtor) 20% mais que há um ano, seu valor convertido em dólar apresenta resultado oposto, pois é quase 21% menor.
O resultado disso é que, comparativamente ao registrado há um ano, o poder de compra do frango em relação ao milho ficou 20% menor. O que, inversamente, significa ser necessário dispor de 25% mais frangos para obter a mesma quantidade de milho anterior.
Não fosse isso suficiente, o setor esbarra atualmente em obstáculo bem maior: a disponibilidade do produto. Pois, com a primeira safra atrasada e se transformando em uma “safrinha” (o previsto para este ano não chega a 28 milhões de toneladas; contra, por exemplo, quase 40 milhões de toneladas em 2008), quem dispõe do produto não o vende e já começa a ocasionar problemas de abastecimento.
A outra face da moeda é que o preço, agora atrativo, deve estimular o plantio da segunda safra. Assim, o volume final pode ir além dos 54 milhões de toneladas hoje previstos e que representam crescimento “zero” em relação à segunda safra passada.
O “x” da questão para os produtores avícolas será sobreviver financeiramente até o advento da “safrona”. Ela tende a minimizar os desafios atuais, mas demora um pouco a chegar.
Fonte: AviSite