A colheita da soja chega à reta final no Rio Grande do Sul com parte dos produtores já pensando na comercialização do grão da próxima safra. Sob influência da recente valorização do dólar, cotado a R$ 5,23 na sexta-feira passada, o preço da saca da oleaginosa em reais se encontra em um dos maiores patamares dos últimos anos e vêm estimulando agricultores gaúchos a fecharem negócios com a produção a ser retirada das lavouras somente no verão de 2021.
A Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil) calcula que, no país, 35% da próxima safra está com a comercialização encaminhada. O presidente da Aprosoja-RS, Luis Fernando Fucks, aponta que não há dado regional, mas estima que, em solo gaúcho, o percentual fica abaixo da média nacional. O dirigente pontua que a chamada venda futura é uma prática mais consolidada no Centro-Oeste.
Ainda assim, o sócio da corretora de grãos Giruá Gustavo Preischardt avalia que o produtor gaúcho está demonstrando maior interesse na venda futura, em comparação com safras anteriores. Nas últimas semanas, agricultores do noroeste do Estado conseguiram travar entre R$ 85 e R$ 90 o valor da saca para entrega em 2021.
– Os preços estão muito atrativos, eles são fora da curva. Na região Noroeste, acredito que cerca de 10% da safra já está comprometida – diz Preischardt.
Garantir a cotação da próxima safra pode ser uma estratégia para atenuar as perdas nas lavouras provocadas pela estiagem neste ano, considera o consultor em agronegócios Carlos Cogo. Mesmo que o dólar também impacte os preços dos insumos e encareça o plantio do ciclo seguinte, o analista constata que os valores de fertilizantes e produtos químicos vêm se mantendo estáveis em reais.
– É um momento oportuno para travar preços. A atual relação de troca, entre o preço da soja e dos insumos, faz com que o poder de compra do produtor esteja cerca de 20% maior do que na safra passada – calcula.
Em abril, aponta Cogo, a saca de soja é negociada a R$ 95,30, em média, no mercado de lotes. Isso representa alta de 8,9% nos últimos 30 dias e de 12,1% no ano. No acumulado dos últimos 12 meses, chega a 32,3% de valorização.
Fonte: Zero Hora