Quinta, 24 Março 2016 08:51

O ovo brasileiro de malas prontas para o exterior

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A redução do poder de compra e a elevação dos preços da carne bovina estão levando o consumidor brasileiro a reajustar suas fontes de proteína animal, fazendo a festa dos produtores de ovos.

Presente na dieta de 98% das famílias, seu consumo per capita aumentou de 148 para 191 unidades, entre 2010 e 2015, ano em que o setor contabilizou a produção de nada menos de 37 bilhões de ovos, que renderam estimados R$ 13 bilhões em vendas no varejo de alimentos.

Some-se a isso, sua retirada do índex de produtos suspeitos de causarem mal à saúde, em decorrência de um estudo recentemente divulgado pela Foods and Drugs Administration (FDA), agência do governo americano que isentou o ovo de qualquer relação com a elevação das taxas de colesterol. “O ovo não é mais o vilão do colesterol”, afirma Ricardo Santin, presidente do Instituto Ovos Brasil e vice-presidente de aves da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). “Trata-se de um produto saudável e barato, consumido por atletas de alto desempenho e um complemento importante na alimentação das pessoas.”

Além do ovo, o aumento dos preços da carne bovina, cujo consumo per capita caiu de 34 para 31 quilos no ano passado, favoreceu também a demanda por frangos e suínos. “A crise provocou um movimento de substituição da carne de gado”, diz Santin.

Internamente, o objetivo de Santin é chegar a um consumo de 200 ovos per capita, nos próximos três anos, um pouco abaixo da média mundial de 220, com uma produção anual de 39 bilhões de unidades.

Deverá também contribuir para atingir esse objetivo o aumento das exportações nacionais, atualmente pouco significativas para o desempenho externo da avicultura brasileira. Enquanto as 4,2 milhões de toneladas de frango embarcadas renderam US$ 7 bilhões, no ano passado, as remessas de 19 milhões de ovos ficaram em modestos US$ 24 milhões.

De acordo com Santin, a estratégia de penetração no exterior tem como base as condições sanitárias favoráveis do setor, que até hoje não registrou nenhum caso de doenças como a gripe aviária, que afetou os plantéis de alguns dos principais produtores, como o Estados Unidos, primeiro do ranking mundial (o Brasil é o segundo), e dos países da União Europeia.

Ao mesmo tempo, a ideia é explorar os mercados já desbravados pelos produtores de frangos, que exportam para 160 países. Segundo ele, as exportações brasileiras de ovos são mais restritas, para apenas 20 países, à frente os Emirados Árabes e o Japão. “Temos um imenso caminho a percorrer”, diz.

Como parte desse esforço exportador, com a disseminação da marca Brazilian Egg, o gaúcho Santin estava desde o domingo 20, em Bruxelas, para participar como representante da ABPA e da Ovos Brasil, de uma série de eventos e contatos. Um deles, no Parlamento Europeu, onde discutiria a abertura do mercado da UE, para o ovo brasileiro.

O outro compromisso, no Forum for the Future of Agriculture (FFA), na terça feira 22, um debate sobre metas do desenvolvimento sustentável na agricultura, foi cancelado em razão dos atentados terroristas no aeroporto e no metrô da capital da Bélgica.

 

Fonte: Isto é dinheiro - Clayton Netz