Segunda, 26 Abril 2021 15:53

Isenção de taxas de importação de milho e soja não anima associações e produtores

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O Comitê-Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior (Camex) decidiu, no último dia 19, prorrogar até dezembro deste ano, a isenção de imposto para importação de milho, soja, óleo de soja e farelo de soja. O objetivo é frear a alta nos preços que cada vez mais tem castigado os segmentos de aves e suínos. Entretanto, entidades e especialistas não acreditam que haverá mudanças significativas para o mercado interno.

 

O consultor de mercado da Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS), Iuri Pinheiro Machado comenta a prorrogação na isenção de imposto. “Com o dólar em alta e o preço internacional do milho em valores também elevados esta medida fica com efeitos muito limitados. É importante entender que ela é válida para importação de países fora do Mercosul, como EUA e Canadá. O efeito vai depender do preço praticado no mercado doméstico, conforme a região. Se ultrapassar 115 reais a saca, a paridade já possibilitaria a importação da América do Norte em valores equivalentes. Porém, a segunda safra de milho do Brasil, que representa mais de 70% de nossa produção, deve iniciar em poucas semanas, o que deve aliviar um pouco a pressão sobre os preços praticados no Brasil".

 

O presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja), Bartolomeu Braz Pereira, durante evento online que antecedeu a posse do próximo presidente da associação, Antonio Galvan, também comentou sobre a prorrogação. Para Pereira, neste momento não é possível enxergar baixa no preço, porque não há outro mercado mais competitivo que o interno.

 

A mesma medida já havia sido adotada em outubro de 2020 com término previsto para março deste ano. O governo esperava que durante esse período, os preços do mercado internacional se estabilizassem e as safras de grão do ciclo 2020-21 conseguissem atender a demanda a ponto de reduzir preços e custos. 

 

Entretanto, os preços internacionais continuaram em alta, o que afetou os preços internos, e mesmo com uma previsão recorde de 109 milhões de toneladas de milho e 135,5 milhões de toneladas de soja feita pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a desvalorização do real frente ao dólar e a forte demanda internacional seguem pressionando os preços para cima.

 

A prorrogação da isenção de imposto foi solicitada em caráter de emergência pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), pois os prazos para compra dos produtos do complexo soja sem tributação tinham se encerrado no dia 15 de março, e do milho, no dia 31 de março.