Quarta, 21 Setembro 2016 08:55

As tendências (internas e externas) da carne de frango nas análises do Rabobank

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Em seu mais recente relatório trimestral, divulgado na semana passada, o Rabobank observa, em relação ao Brasil, que após um segundo trimestre desafiante – decorrência da elevação do custo das matérias-primas combinada com uma fraca demanda interna – a avicultura [de corte] caminha para um ajuste que deve redundar em menor oferta no decorrer do terceiro trimestre. Assim, embora a produção tenha aumentado quase 4% no primeiro trimestre, agora tende a se manter estável em relação a 2015. Devido ao menor suprimento, os preços da carne de frango já se recuperaram. Em agosto, o frango inteiro atingiu R$4,46/kg, valor 26% superior ao alcançado em maio.

 

Enquanto isso, entre janeiro e julho, as exportações brasileiras de carne de frango aumentaram 8% em relação ao mesmo período de 2015. Porém, em julho, especificamente, declinaram 12% em relação ao mês anterior, fato que, à primeira vista, teve como principal causa a valorização do real frente ao dólar. De fato, enquanto no primeiro trimestre do ano a cotação do dólar girou, na média, em torno de R$3,90, em agosto passado ficou em R$3,20. De sua parte, o Rabobank estima que fechará 2016 em torno de R$3,50.

 

Na análise do Rabobank, o maior desafio enfrentado pela avicultura brasileira em 2016 concentrou-se nos preços internos do milho: devido às condições climáticas desfavoráveis, a segunda safra não atingiu o volume esperado, o que elevou os custos de produção, pressionando as margens de lucro. Porém, no decorrer do terceiro trimestre, em função da produção recorde de milho nos EUA, os preços internos do milho no Brasil podem apresentar algum recuo. Além disso, conta-se com um melhor abastecimento no início de 2017, já que se prevê crescimento em torno de 10% da safra de verão.

 

De forma geral, conta-se com uma recuperação das margens no decorrer do segundo semestre.

 

Quanto às condições do mercado internacional, Nan-Dirk Mulder, analista sênior do Rabobank, sugere que serão favoráveis nos próximos meses e melhores que as observadas no primeiro semestre, quando, com o retorno dos EUA após o surto de Influenza, houve excesso de oferta que tornou o ambiente de negócios muito competitivo, gerando queda de preços e falta de rentabilidade – aspecto em que o Brasil enfrentou desafio extra, devido à alta dos custos e à baixa do consumo interno.

 

Mas o que tende a propiciar um desempenho mais ativo do mercado internacional é, sobretudo, a perspectiva de redução da produção nos três principais produtores mundiais de carne de frango – EUA, China e Brasil.

 

O Brasil reduz a produção buscando melhor adequação ao custo elevado e ao menor consumo. Os EUA porque seu frango enfrenta forte concorrência da carne bovina e é preciso adequar a oferta ao mercado mais competitivo. E a China porque cortou a importação de reprodutoras no ano passado e, agora, tende a uma redução de produção de carne de frango da ordem de 5%, índice que deve subir para 10% a 15% em 2017.

 

Com esses índices de queda, é certo que a China vai precisar recorrer com maior ênfase ao mercado internacional. Neste caso, os principais beneficiários serão os dois maiores exportadores mundiais, Brasil e EUA. Assim, a expectativa para o corrente semestre é a de que os preços subam gradualmente.


Fonte: AviSite