Segunda, 09 Janeiro 2017 14:05

Casos de Influenza Aviária no mundo reforçam atenção da indústria do Brasil

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Um foco de Influenza Aviária no Chile nesta semana reforçou a atenção e os cuidados com sanidade animal por parte de integrantes da indústria de aves do Brasil, maior exportador global de carne de frango, que nunca registrou o problema.

 

Integrantes do setor já trabalhavam em alerta máximo desde que começaram a pipocar surtos na Ásia e na Europa, mas o caso no Chile lembrou a ideia de que "risco zero não existe".

 

"Quando você vê acontecendo num país vizinho (próximo), que está na mesma latitude que a nossa, com situação climática semelhante, isso reforça a percepção de risco", afirmou o presidente da Associação Catarinense de Avicultura (ACAV), José Antônio Ribas Júnior, do Estado que é primeiro exportador brasileiro de carne de frango.

 

Segundo ele, "é cada vez mais importante reforçar as barreiras nas granjas", uma vez que a sanidade das aves é o "grande patrimônio" do setor no Brasil, que já se beneficiou indiretamente no passado com problemas de Influenza Aviária em outros países.

 

As exportações brasileiras em geral crescem quando ocorrem surtos de Influenza no mundo, uma vez que importadores decretam embargos ao produto de países atingidos.

"Somos o último país do mundo com relevância na atividade avícola que não tem nenhum caso de doenças que causem preocupação para consumo. A gente pode ampliar muito nossos mercados com esse patrimônio (sanidade) preservado", acrescentou o dirigente da ACAV.

 

Por outro lado, a eventual ocorrência da doença em granjas brasileiras seria desastrosa para o setor avícola do Brasil, segundo produtor global após os Estados Unidos.

O registro de Influenza Aviária nesta semana no Chile, que foi o primeiro país da América do Sul a registrar um caso da enfermidade, em 2002, deu-se em uma unidade de perus.

 

Nos países atingidos pelo problema, além dos embargos internacionais, os prejuízos são imensos pelo abate de aves nas áreas atingidas.

 

Na Coreia do Sul, um dos países mais afetados na mais recente onda de IA, pouco mais de 10 por cento da população de aves foi sacrificada.

 

Na China, por exemplo, cerca de 170 mil aves em quatro províncias foram mortas desde outubro, enquanto quatro pessoas morreram nesta temporada. Hong Kong confirmou a segunda morte pelo problema nesta sexta-feira.

 

Os chineses viram um surto maior de Influenza Aviária entre 2013 e 2014, quando 36 pessoas morreram e o setor agrícola sofreu perdas de 6 bilhões de dólares.

 

LUZ VERMELHA

Para o vice-presidente técnico da Associação Brasileira da Proteína Animal (ABPA), Rui Vargas, o setor privado e o governo federal já estão com "luz vermelha" acesa desde que começaram a ocorrer casos na Europa e Ásia, e não foi o caso do Chile que fez o setor reforçar mais suas ações.

 

"Estamos sob alerta faz muito tempo, tanto nós da área privada como o governo. Melhoramos os procedimentos de controle e biossegurança para não permitir esse problema no Brasil", afirmou Vargas.

 

Segundo ele, foi formado um grupo técnico no ano passado que definiu uma agenda com todas as medidas necessárias.


As ações incluem cuidados na importação de materiais e no transporte de equipamentos, além do trânsito de pessoas vindas de áreas atingidas.

 

"Estamos estabelecendo regras rígidas de circulação de pessoas que porventura tenham estado em países com esses problemas. Estamos pedindo para as empresas serem mais rigorosas, fora todos os outros aspectos que envolvem cuidados, como controle de água..."

 

Questionado especificamente se o caso do Chile aumentava a preocupação, o dirigente da ABPA disse que quando aquele país sul-americano registrou seu primeiro caso, em 2002, o Brasil não tinha nem um terço de todos os cuidados que tem hoje.

 

"Devemos manter o alerta ligado, mas a gente acha que isso não representa um alto risco, temos certeza que as autoridades chilenas já tomaram providências para não permitir que o foco se alastre."

 

Fonte: Reuters