Terça, 19 Abril 2016 08:52

Milho: na CBOT, mercado encerra pregão nos patamares mais altos desde outubro/15

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Na Bolsa de Chicago (CBOT), os futuros do milho encerraram o pregão desta segunda-feira (18) em campo positivo. Ao longo do dia, as principais posições do cereal consolidaram os ganhos e fecharam em alta pelo 5º pregão consecutivo, com valorizações entre 2,00 e 3,00 pontos. O vencimento maio/16 era cotado a US$ 3,81 por bushel, enquanto o dezembro/16 era negociado a US$ 3,90 por bushel. De acordo com informações do site internacional Farm Futures, as cotações finalizaram a sessão nos patamares mais altos desde outubro de 2015.

 

Os participantes do mercado ainda seguem acompanhando as informações sobre a evolução da safra americana e também do comportamento climático na América do Sul. No caso dos EUA, a perspectiva é que o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) indique a área semeada com o cereal entre 14% a 15% em seu relatório de evolução de plantio, que será divulgado no final da tarde de hoje. A média dos últimos cinco anos é de 11% e na semana anterior, o percentual era de 4%.

 

"Os produtores americanos avançaram com os trabalhos nos campos no final de semana, embora a chuva desta semana poderia retardar esse processo", disse Bob Burgdorfer, analista e editor do site Farm Futures. Entre os dias 23 a 27 de abril, a previsão é que haja chuvas no cinturão produtor de milho dos EUA e as temperaturas deverão ficar acima da média para o período, segundo informações divulgadas pelo NOAA - Serviço Oficial de Meteorologia do país.

 

Por outro lado, no Brasil, a preocupação se dá por conta da falta de chuvas e das altas temperaturas registradas na faixa central do país. O cenário é decorrente da continuidade do bloqueio atmosférico registrado nas regiões Sudeste e Centro-Oeste do Brasil, de acordo com o agrometeorologista da Somar Meteorologia, Marco Antônio dos Santos.

 

"E a previsão para essa semana não muda, o bloqueio ainda se manterá ativo sobre a região central e sul do Brasil, impedindo que as frentes frias consigam avançar pelo interior do País e com isso, o tempo seguirá firme, sem previsões para chuvas e com temperaturas bem acima da média para essa época do ano em todas as regiões produtoras de Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e no Matopiba. Sendo que poderão vir a ocorrer algumas pancadas de chuvas isoladas sobre Rondônia e noroeste do Mato Grosso", informou o agrometeorologista em seu último boletim.

 

Em São Gabriel do Oeste (MS), importante região produtora de milho no norte do estado, as lavouras já estão sentindo os efeitos da ausência de precipitações, que já dura mais de 20 dias. Com isso, o presidente do Sindicato rural do município, Julio César Bortolini, destaca que a situação se agrava a cada dia. “E mesmo que chova nesse momento já temos perdas, pois o milho é uma planta diferenciada, com 45 dias já define a formação das espigas. Em 2015, colhemos em torno de 116 sacas por hectare, quase 7 mil quilos por hectare e esse ano não iremos atingir a metade”, explica a liderança sindical.

 

Em contrapartida, na Argentina, as apreensões são decorrentes das chuvas que não dão trégua aos produtores rurais. "Lavouras de soja e milho da Argentina também estão sendo prejudicadas e com perdas já significativas por causa das chuvas ininterruptas que vem sendo registradas nos últimos 15 dias", reportou o agrometeorologista da Somar Meteorologia.

 

Ainda nesta segunda-feira, o USDA trouxe os novos números, em seu boletim de embarques semanais. Na semana encerrada no dia 14 de abril, os EUA embarcaram 1.088,552 milhão de toneladas do cereal. As projeções dos investidores estavam entre 850 mil toneladas e 1,1 milhão de toneladas. Já na semana anterior, o volume total ficou levemente acima, em 1.133,271 milhão de toneladas.

 

No acumulado da temporada, os embarques de milho norte-americanos totalizam 21.871,918 milhões de toneladas. O volume ainda está abaixo do registrado no mesmo período do ciclo anterior, de 25.241,904 milhões de toneladas do cereal.

 

BM&F Bovespa

 

A alta o dólar registrada nesta segunda-feira (18) movimentou os preços do milho praticados na BM&F Bovespa. As principais posições do cereal exibiram valorizações entre 0,13% e 1,57%. O contrato maio/16 era cotado a R$ 47,51 a saca, enquanto o setembro/16, referência para a safrinha brasileira, era negociado a R$ 37,80 a saca. Apenas o contrato janeiro/17 registrou ligeira queda, de 0,17%, cotado a R$ 40,00 a saca.

 

Por sua vez, a moeda norte-americana encerrou o pregão a R$ 3,5972 na venda, com alta de 2,08%, o maior ganho diário desde 23 de março, quando o dólar subiu 2,11%. Na máxima do dia, o câmbio tocou o patamar de R$ 3,6210. Conforme dados divulgados pela agência Reuters, a movimentação positiva foi uma reação à intervenção do Banco Central e a realização de lucros depois da aprovação do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, aprovado na Câmara dos Deputados, neste domingo (17).

 

Mercado interno

 

Já no Porto de Paranaguá, a saca do milho para entrega setembro/16 fechou estável a R$ 34,00 a saca. Em Ponta Grossa (PR), a saca do cereal subiu 2,04%, cotada a R$ 50,00. Na contramão desse cenário, em Sorriso (MT), a cotação caiu 11,43% nesta segunda-feira e voltou ao nível de R$ 31,00, em Itapeva (SP), a queda ficou em 11,10%, com a saca a R$ 39,08. Nas demais praças pesquisadas pela equipe do Notícias Agrícolas o dia foi de estabilidade.

 

As cotações ainda encontram suporte no quadro ajustado entre oferta e demanda no mercado interno, formado pelos bons volumes embarcados desde o ano passado. Outro fator que também ganhou a atenção não só no Brasil, mas também no cenário internacional é a falta de chuvas aliada às altas temperaturas observadas na faixa central do país. Há uma grande preocupação e incerteza em relação ao real tamanho da safrinha brasileira.

 

"No geral, considerando-se todas as regiões acompanhadas pelo Cepea, os valores registram pequenas altas. Nesse ambiente, houve diminuição no ritmo de negócios antecipados", informou o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) nesta segunda-feira.

 

Fonte: Notícias Agrícolas (Fernanda Custódio)